São Pedro ouviu minhas preces, hoje
tem sol. Já o Santo Antonio, ainda não, eu continuo no atraso! Mas a
sexta-feira vai ser boa: sol de dia e pagode de noite. Vou juntar um monte de
amigo na minha laje, sem risco de quebra de louça chique, feito na casa da
Jucilaine.
Tô apertada de dinheiro, sempre que
isto acontece, e é bem seguido, sabe, peço um vale pra Doutora em Letras. Ela é
quieta, não é de muito assunto, sempre no pretinho básico. Tu não imagina como
é abrir o roupeiro dela, a gente leva o maior susto, parece velório: calça,
camisa, camiseta, blusa, saia, vestido, casaco, é tudo preto. Pelo menos tem
muito colar e lenço colorido. A dona é calada, na dela mesmo, mas quando
preciso vale, sei que ela me dá, tem bom coração. Segunda, eu vou lá e peço um
vale. Certo que ela me dá.
Hoje tô no bonitão do porcelanato,
pra patrão novo eu não peço vale, não pega bem. Até porque nem ia dar tempo,
que o moço saiu loguinho que eu cheguei, e pra pedir dinheiro tem que ter um
tempinho, tu também não acha? Não sei se tu tá acostumado a isto de pedir vale.
Eu, pelo menos, não consigo pedir assim de sola, tenho que dar uma
enrolada. Com a Doutora em Letras nem precisa de enrolar muito, eu começo o
assunto e ela já vai abrindo a carteira com uma risadinha, coração bom mesmo
tem a dona!
Pois é, tô cansada desta vida de
aperto, preciso fazer um extra! A Clarineusa me disse pra vender Jequiti, mas
eu não levo muito jeito pra venda, não! Daí a gente teve outra ideia, eu faço
economia e compro produto no Paraguai e passo pra Clarineusa vender, só que ela
vai querer uma parte também, né? Ainda mais agora, que tá pegando um cara
técnico em Contabilidade, o bonito calcula tudo pra ela. E tu deve de calcular
é o tamanho da minha inveja, a Clarineusa pegando gostoso estudado e tudo, e
eu, aqui, na mesma pindaíba de sempre, que nem gripe eu pego!
Falando mais sobre a minha viagem de
compras pro Paraguai, é bom também pra conhecer gente. Numa dessas, tenho fé
que Santo Antonio ainda vai lembrar de mim. Quem sabe pinta um negão do ramo de
vendas de produtos importados pra euzinha, Josicleide, que bem que mereço,
trabalhadora e decente, conhecida profissional da limpeza agora investindo
também no ramo de importados!
Pensando melhor, acho até que algumas
vendas eu me animo a fazer direto: compro um monte de lenços pra Doutora em
Letras, creme pro estoque do lavabo do bancário solteirão, como conheço bem
patrão, já levo mercadoria separada pra ele. O do porcelanato, este ainda não
sei muito, discreto por demais, acho que deve de gostar de bebida, porque tem
bastante lá naquele bar e de cozinhar porque tem um bocado de temperinho na
cozinha, acho que não é só de enfeite, porque têm vidrinho pela metade e outro
no finalzinho.
Nem tô com muita pressa, hoje, sabe,
tô devagar e no capricho, patrão novo sabe como é, né? Tem que agradar! Tô
tirando tudo do lugar pra passar o pano no chão, apartamento bonito que só
vendo, tudo bem branco, bem brilhante, dá gosto de limpar.
De noite, vou começar a fazer a lista
de produto pra minha viagem pro Paraguai Tô bem faceira, porque com amigo,
pagode, cerveja e churrasco, a lista só pode ficar das bem boa mesmo!
E tu, aí, não quer aproveitar pra fazer
alguma encomenda?
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