sexta-feira, 28 de março de 2014

DIÁRIO DA FAXINEIRA # 22 - Capítulo 22 – Pilha Duracell, cupequeique e Viva o Samba

       Ufa, sexta-feira... QUE MA-RA-VI-LHA!!!!!! Sabe que trabalhei um bocado, tá como sempre, nenhuma novidade na vida da faxina. Mas é que agora tem a Tetê, que tá tão enlouquecida, engatinha numa velocidade que tu não tem noção, parece até que tem uma pilha daquelas bem boa, como chama mesmo? Duracell! Só que é muito da boa, assim tipo Duracell infinita! Pois tu imagina que fico eu correndo a manhã inteira, inteirinha atrás da guria, apavorada, porque tu imagina se ela se pisa nas minhas mãos? Deus me livre, já botei até nas minhas reza que nunca se machuque comigo, quer dizer não quero que a Tetê se pise nunca, mas muito menos comigo, né? Passo a manhã trocando fralda, correndo atrás da engatinhadora oficial, faço a comida da família, lavo a louça, almoço e me mando pras faxina da tarde. E não é que esta semana o trabalho da limpeza também foi grande! A Dra. em Letras tava viajando pra estes congresso chique, que ela dá palestra, sabe coisa muito da fina. Então eu fiquei de cuidar do Adamastor, que eu já te disse que acho um gato muito chato, mas não digo não pra Dra. não, porque ela é sempre muito boa pra mim. Então depois da limpeza na casa de um e de outro, tinha que passar pra dar comida, água, leite, o raio daquela ração e daquele patê cheiroso do gato. Bá te conto que me dá uma vontade de dar uma provadinha naquela comida cheirosa... Bem, esta semana tava mais corrida que nunca: o Bonitão do Porcelanato resolveu fazer uma festa no apê chique dele que tudo brilha, só que depois da festa ficou tudo um desastre! Desculpa, mas eu acho gente rica muito porca, porque os amigos dele devem ter grana feito ele, né? Acho que é sempre assim: pobre tem amigo pobre, rico tem amigo rico. Não é assim? Tava tudo um lixo, papel de doce pra todo lado, as garrafas de freichené espalhada pela casa. O bom foi que ganhei uns bolinhos daqueles cupequeique, ele sabia que eu já tinha comido uns quantos de tarde, deve ter notado falta quando chegou do trabalho. Acho justo, afinal tenho que ganhar força pro trabalho! Tenho que te falar da minha diversão e faz dias já: sabe que eu fui no Nivea Viva o Samba com o Martinho da Vila, a Alcione, o Diogo Nogueira e a Roberta Sá no palco do Anfiteatro Pôr-do-sol? E tu foi também? Tinha muita gente, tava lotadão e foi tudo muito lindo. Coisa bem boa de domingo! Bom, agora vou tomar banho, comer o que encontrar na geladeira, acho que ainda tem uns bolinhos daqueles dos bons e depois vou é dormir mesmo! O Cleminho vou ver só amanhã, ele tá de viagem pro Paraguai. Tô só pelos presentinhos... Bom fim de semana pra ti. Faz quem nem eu: aproveita pra descansar e pra se divertir!

sexta-feira, 14 de março de 2014

DIÁRIO DA FAXINEIRA # 21 - Capítulo 21 – Josicleide na sexta boa: spray, laje, churras, ceva e pagode!


Ufa! Que coisa bem boa chegou sexta-feira!  Hoje tem churras e pagode na laje da Jucilaine, eu vou me arrebentar de tanto sacolejo e comilança! Tô precisada! Sabe que eu trabalhei um bocado esta semana, não tive nenhuma folguinha. Tô me babando por uma ceva e doida pra dar uma pegada daquelas no Cleminson, mas isto vô fazer antes de ir pra festa, que não sou boba nem nada, porque depois a gente come, bebe e fica sem força pro bem bom. Não sei se contigo também é assim? Mas eu aprendi: meu negócio é ir pra festa prontinha. Vou pra laje na seca só de bebida e não do rala e rola! Senão depois o Cleminho chega meio bebum ou eu, ou os dois, e aí que não dá nada. O Cleminson mal deita na cama e já tá roncando.
            Deixa eu te contar, te lembra que tô cuidado de bebê? É a Tetê! A menina tá muito é da lindinha, vai fazer dez meses, tá gorducha que só vendo. Nem eu sabia que eu ia gostar tanto de ser babá, não é que a minha patroa Doutora em Letras acertô na mosca? Eu não queria aceitar, não sabia muito direito como era isto de ser babá, ela que me fez a cabeça, me encheu o saco dizendo que era um trabalho bonito e que eu ia gostar!  Agora só não entendo é isto de ser mãe. A mulherada deixa as crianças com babá e na escolinha, pega dormindo ou quase isto, mal enxerga a filha. Sei que eu não sou mãe da Tetê, mas acho que eu sou mais mãe que a mãe de verdade e acho isto pra lá de esquisito!
Tu já ouviu uma propaganda no rádio de um menino que pede comida pra mãe e ela oferece um sanduíche e a criança diz que quer comida de verdade, então a mãe lembra de um restaurante que faz tele-entrega de comida? Pô, eu acho aquilo o fim da picada, uma barbaridade. Mãe que oferece sanduíche no almoço! Pode isto? Me diz: tu acha isto normal? A tal da propaganda me dá nos nervos! Sempre fui pobre, mas nunca faltô na mesa o arroz com feijão caprichadinho da minha mãe, carne nem sempre tinha, mas aí é por causa da careza, não de má vontade da minha mãe.
Te conto que tô querendo de ensinar pra Tetê tirar as fraldas, mas a mãe dela, minha patroa, não quer, claro, tem dinheiro pra pagar! E até porque ela quase nem limpa aquela bunda! Pouco sabe sobre a Tetê. Fico sem entender nada. Pequeninha coitada já pegô mamadeira, a mãe não deu mamá porque tava muito difícil, doía muito. Claro tem grana pra bancar aquele leite bem caro, como é mesmo o nome... Nan, isto: nan! Pois é uma lata daquele troço banca churras e com ceva pra minha turma de amigos.

Bom conversar contigo, vô terminando por aqui que já tô me arrumando pra esperar o Cleminho que loguinho tá chegando. Lingerie vermelha e com orgulho que o colorado mandô bem esta semana. Graças a Deus, porque a vitória do Inter me garante sexo do bom! Lembra que o meu namorado fica atacado quando o Inter perde e aí não rola nada? Um perfume no lugar certo, a caixinha dos brinquedinhos de sex shop já tá separada. A minha amiga Lucimara me chamô pra promoção do líquido vibratório com spray, tu não conhece ainda?  Coisa muito da boa, melhor que andar de montanha-russa! Vamô que vamô! Minha noite promete, espero que a tua também. Bom fim de semana!

sexta-feira, 7 de março de 2014

DIÁRIO DA FAXINEIRA # 20 - Capítulo 20 – Mofo, Mosca e Molejo – Josicleide pulando no Cassino!

       
       Tô numa canseira que tu não imagina, mas não é só de samba na avenida, não!  Da limpeza grossa também! Lembra daquele casal de velhinhos, os tios-avós do bonitão do porcelanato? Aqueles dos produtos de limpeza marca diabo, mas que são gente boa pra caramba que me deram uma baita cesta de Natal? Pois é, me ofereceram uma casa pra passar Carnaval com meus amigos, disseram que a casa era bem grande e dava de acomodar umas oito, até umas dez pessoas. Não era bem um presente, não tinha que pagar diária, era só abrir a casa, fazer uma boa de uma limpeza e cortar a grama. Até aí tudo bem, juntei minha turma de amigos, já que podia dez, chamei uns onze e nos bandeamos de busão pro Cassino. Loucurada na Rodoviária, aquilo bombando, um povão que só vendo.  Te conto que eu não conhecia o Cassino, só Cidreira, Pinhal, Tramandaí e Capão. Daí que eu bem que gostei do Cassino:  mar bonito, calminho, quente, coisa bem boa, cheio de carro na beira da praia, a avenida principal é cheia de árvore, os blocos de carnaval tudo muito do animado, vai o samba pela madrugada adentro, tudo organizado, todos os blocos tem camiseta, fantasia e som do bom. Só que lá pelas tantas choveu, e quando chove, vira tudo um barral que é um horror! Não pulei só Carnaval, não, pulei os buracos mesmo! Que dó do meu tênis novinho! Nada de calçada, muita é da sujeira, esgoto, fedorão e dos brabos. E na tv ficam falando que a cidade de Rio Grande tá rica e cheia de emprego! E a praia danada de linda, toda abandonada, feito a casa dos meus patrões, que agora te conto o estado que tava quando a gente chegou! O Cleminho botou as mãos na cabeça quando botou o olho no tamanho da grama pra cortar e depois disse um palavrão muito do cabeludo que nem tenho coragem de te repetir (e olha que eu sou bem desbocada!), mas também era uma floresta que não tinha fim, tu não faz ideia. Dividimos o grupo: homeredo na grama, mulherada na faxina! Todo mundo pegou geral e bonito, porque amigo meu não é deitado. Se é deitado pode ser é cunhado, irmão, primo, parente, mas  amigo meu, não é mesmo! Bom, te conto que passamos limpando um dia e meio, mas a casa ficou que é um brinco, tinha que ver, tiramos até foto antes e depois pra mostrar pros velhinhos. Assim eles podem nos emprestar de novo a casa, que muito nos interessa, né? Voltamos na quarta de manhã, que na quinta todo mundo tinha que voltar pro batente, mas foi muito do divertido. Fora o mofo que tinha na casa e muita da mosca em volta do nosso churrasquinho, mas não faltou molejo, alegria e muito samba no pé. Ano que vem se der vamô de novo pro Cassino, só que desta vez eu quero ir num bloco. Só não escolhi é qual, porque gostei foi de todos!!! Bom fim de semana e bom descanso pra ti também. Se é que tu tá cansado feito euzinha! Tô louca pruma cama! E desta vez é pra roncar mesmo, não é pra festa com o Cleminho, viu?