Uma chuva que não pára nesta terra,
eu me acordei cedo, e, mesmo com sombrinha, tomei aquele banho. Cheguei no
serviço empapada! Tô começando apartamento novo, indicação de uma amiga, que
faz limpeza no prédio. O moço perguntou se ela conhecia alguém de confiança pra
uma vez por semana. Bá, deu certinho pra me encaixar na sexta. Lembra que te
contei, no outro dia, que fui demitida por causa do trago da decepção com o
negão gostoso que joga noutro time? Então, tô eu aqui, neste dia horroroso! Mas
tive que vir, porque não podia faltar no meu primeiro dia, né?
O moço é bonitão e
me tratou muito bem, preocupado com a minha roupa toda molhada, aí expliquei
pra ele, que eu tinha outras mudas de roupa reserva, dentro de uma sacola
plástica na minha bolsa, que não sou boba nem nada - o de ser boba nem nada não
falei, só pensei, claro! Bom, estacionei minha bolsa na sala, perguntei pela
área de serviço e lá deixei minha sobrinha. Aí ele tratou de me mostrar o tal
do apartamento. É pequeno: suíte, sala grande, cozinha, banheiro, área de
serviço. Sem muita mobília, tudo branco, um piso daqueles de porcelanato na
sala, eu gosto disto no chão porque brilha e é bem fácil de limpar. Um dia
quero ver se boto, nem que seja só num cantinho da minha casa, este tal de
porcelanato que mais parece espelho!. Me dá uma vontade de sexo neste
porcelanato, imagina eu pegando o patrão novo neste brilho todo, não sei acho
que o bonitão olhou mais de uma vez pra minha blusinha molhada, acho que gostou
do produto... Chega de pensar besteira e trata de começar a limpeza,
Josicleide!, eu ás vezes falo comigo mesma, não sei se é doideira, mas deve de
ser! Pelo que vi, acho que rapidinho termino tudo, vap-vup e vou pra casa bater
um bolinho, sabe que eu sou chegada no bater um bolinho? Tiro do forno e como
quente com café preto. Tudo de bom, tu também não acha? Mas não conto isto pras
patroa não, de jeito nenhum, se digo que sei fazer bolo dos bons, não vou
embora nunca, assim eu só faço minha limpezinha e me mando, E na boa, já chego
com vontade de dar no pé, ainda mais num dia como hoje. O moço até que merecia
um bolinho, mas ele que vá comprar pronto, que com esta pinta já dá pra ver que
tem grana. Mora pequeno, porque é sozinho, não porque não tem outro jeito de
morar, feito eu assim.
Deu as ordens e se foi o patrão novo.
Ah, esqueci de te contar: tava muito boa a pizza na sexta, fui encontrar minhas
amigas na laje da Jucilaine, lembra que te contei? E tava bem bom mesmo, só
teve uma coisa chata! O marido da Lucimara, sujeito engraçado, toca bem a
viola, só que é muito atrapalhado, o pobre, e depois que bebeu umas quantas, derrubou
duas das taças chique lá da Jucilaine, umas fina mesmo, daquelas colorida.
Tenho certeza que não é de 1,99, não! A Lucimara ficou pra morrer, xingou um
monte o Richardison (é este o nome do marido dela). Olha não sei se ela não
bateu nele quando chegou em casa, porque parece que ela é violenta, pelo que se
assuntou depois que eles foram embora. Porque depois dos gritos desesperados e
da cara de raiva da Jucilaine, a Lucimara agarrou o Richardison pelo braço,
disse um monte de palavrão, pediu desculpa até não poder mais pra Jucilaine e
se mandou! Não tinha mais o que fazer mesmo. Teve quem disse para todo mundo
rachar as taças, eu fui a primeira a gritar que não era justo. Tu não acha
também que uma sacanagem, o outro faz a merda e todo mundo paga! Comigo é
assim: ado, ado, ado cada um no seu quadrado!
Mas a maior merda mesmo foi que o
Richardison recém tinha começando a tocar o pagode dos bons, quando bateu com a
viola no diabo das taças. Acho que a próxima pizza, vai ter que ser na minha
laje, que não tem nada de chique pra quebrar, aí posso cantar e dançar meu
pagode na voz do Richardison em paz.
Um beijo no coração, que agora tá na
moda mandar beijo pro coração. Até a próxima faxina!
E que São Pedro tenha piedade de nós
e pare com esta chuva de merda!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário