Bá, gente, que saudade de contar minha vidinha
que eu tava! Mas não é que dois mil e treze passô voando e nem me dei conta de
escrever nadinha, só lá o brinde do início do ano? Pobre nunca tem muita da
novidade, mas eu até que tenho alguma pra ti. Não terminei com o Cleminho não!
Sabe que ele até já parô um pouco com
aquela palhaçada de ciúme de amigo meu? Já viu que comigo não dá certo, ou
confia ou cai fora! A novidade é de trabalho mesmo. Não, eu continuo nas faxinas,
mas me pintô um serviço bem bacana e que me dá um trabalhão danado, mas até que
tô gostando. Coisa lá da minha patroa Dra. em Letras. Não é que nasceu uma
sobrinha e ela encasquetô que eu que tinha que cuidar da menina, que creche todo
dia não é bom pra bebê? Nem é creche que chama mais, agora é escolinha, né? Sei
lá, se tem diferença o nome do lugar de largar as crianças! Bem, te conto que
nasceu a tal Teresa Cristina (se isto lá é nome pra criança! Rico tem cada
gosto!) e lá fui eu cuidar da menina de manhã, porque de tarde ela vai pra
“escolinha”. Tu já imagina minha manhã como é agora, no meio de fralda cagada,
porque sabem cagar estes bebezinhos, né? Cruz credo! De tarde tô nas minhas
faxinas de sempre. Fui no show do Thiaguinho na Festa da Uva! Tu não? O
Cleminho prometeu e me levô, a gente foi de turma com a Clarineusa, o Dyonath Uóxinton, a Lucimara, o Richardison, a Jucilaine,
a Dieniffer Estefany! Adoro uva, com pagode, amor e amigo então,
melhor ainda! Comi tanta da uva que tu não faz ideia, provei cacho da branca,
da preta, da rosa, queria ver qual é que eu gostava mais, Pior comi, comi e
continuo sem saber, gosto mesmo é de todas. É que nem sexo, que posição
prefere, bobajada depende do dia, da inspiração ou da preguiça. Coisa bem boba!
Mas voltando pra história da uva, eu comi tanto, mas tanto, que a Jucilaine
ficou me enchendo, que eu ficar ruim da barriga. Que nada! Tava é muito do bom!
Só lá meio trancada, até que me fez foi bem! Tô só é meio sem voz, de tanto
gritar, cantar e berrar no show do Thiaguinho. E o Cleminson, quieto, fez lá uma
cara feia, e eu nem bola... Ele tá aprendendo a não fazer chilique. Comigo não dá, sou faceira e ele que trate de
se acostumar! Agora tô só pelo carnaval... Na semana que vem te conto tudinho! Bem, vô terminando por aqui
os assuntos, porque a Tetê tá chorando. Claro que dei um apelido pra coitada,
porque Teresa Cristina ninguém merece. Tomara que não seja mais cocô, que hoje
tá triste a coisa por aqui, tá meio esverdeado e líquido, troço nojento, desculpa,
melhor nem te falar! Não sei o que andam dando pra esta guria comer: guisadinho
de urubu? Já ia até me esquecendo: um bom carnaval pra ti!
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Diário da Faxineira #18: Capítulo 18 - Receita básica pra ser feliz da Josicleide
Depois do calorão do Natal, nem
acredito que hoje tem até um ventinho, que maravilha! Mas deixa eu te contá,
que eu tô é tri faceira com meus presentes de Natal, tu nem imagina, não teve
patrão pra esquecer de mim neste natal! Todos lembraram!
A Drª em Letras me deu três vezes o
valor da faxina e ainda mais um kit com sabonete, xampu, condicionador,
hidratante tudo das marca boa dela (que eu bem que dou uma roubadinha quando
faço a limpeza na casa dela, não sei se ela deu uma indireta, mas vou continuar
usando igual).
O bonitão do porcelanato me deu um
chocotone (eu sempre faço um lanchinho com chocolate na casa dele,
he,he,he!!!), o bancário fruta me deu umas bolachinha amanteigada daquelas
chique numa caixa daquelas bem linda, vou até aproveitar para guarda minhas
biju dentro.
Mas o presente de patrão mais bonito
de todos foi a cesta do casal de velhinhos, os tios-avós do bonitão do
porcelanato, lembra os que economizam nos produto de limpeza? Até tô me
acostumando com limpeza com produto marca diabo, o casal é tão querido comigo
que eu nunca mais vou reclamar de marca nenhuma. A cesta tinha tudo do bom e do
melhor: peru, compota de figo, pêssego e abacaxi, creme de leite, palmito,
pepino, azeitona, caixa de bombom. Tinha até sidra, ai eu vi que escreve com s
e não com c, mas é que pra mim bebida boa é com c: cerveja, caipirinha,
champanhe. Então pra mim vai continuar sendo cidra, tá? A cesta é uma beleza,
toda enfeitada! Eu fiquei até sem graça, nem sabia como agradecer. Mas me
decidi na hora: vou é tratar de fazer a faxina bem boa na casa deles sempre,
porque gente boa merece casa bem limpa!
E o presente do Cleminho? Uma blusa
do Inter daquelas bem coladinha e shortinho jeans branco pra usar junto. Amei!
E o amigo secreto da turma do pagode tava bem bacana também, não faltou
ninguém: Clarineusa, Dyonath Uóxinton, Jucilaine, Lucimara, Richardison,
Wanessa Ketelyn, Dieniffer Estefany, Ueslei Antonio, Cleminson e eu. Dei a
maior sorte, a Clarineusa me tirou e meu deu um monte de maquiagem e mais um
perfume, tudo da Jequiti, que pra ela o preço é de custo, então me dei bem
desta vez feito naquela propaganda o amigo da ricaça, como é mesmo o nome dela?
Isto: Narcisa: Ai, que loucura!!!!
O problema foi a crise de ciúme do
Cleminho porque não gostou que eu dancei muito com o Richardison. Bobajada, né?
Tu sabe que eu conheço o Richardison desde guri? È meu amigo desde pequeno e a
Lucimara nem dá bola, mulher é diferente. Que mania feia que homem tem de botá
malícia em tudo! Mas depois passou a palhaçada, porque em casa eu resolvi tudo,
tudinho, daquele jeito que mulher tem de resolver as coisa, tu bem sabe qual é:
na cruzada de perna!
Um bom ano pra ti. E vê se segue a
minha receita básica pra ser feliz: saúde pra trabalhar bastante, família,
amigo, pagode e amor. Não inventa frescura na vida, que pra ser feliz já chega
com isto! Bom brinde com cidra ou freichené, porque importa mais a alegria e a
companhia do que a bebida que tá na taça! E tomara que o Inter em 2013 traga
muita vitória ao povo colorado!
Queridos amigos: tim-tim pra todos
vocês!
Diário da Faxineira #17: Capítulo 17 - Peru recheado, cidra da boa e pagode animado!
Quanto tempo, gente! Pois é, tenho
que começa logo pedindo desculpa, porque faz um tempão que eu não apareço. To
sumidaça mesmo, mas já te explico tudinho e vai longe porque o assunto é longo
por demais e tu há de me desculpa. porque a coisa foi feia.
Depois da última vez que te contei da
vida, ainda nem tinha passado pela desgraça da prova do Enem, não quero nem ver
o danado do resultado, fiz porque as profes do EJA falaram que era bom todo
mundo fazer a prova do tal do Enem. Que saber? Eu achei aquilo um horror, me
assustô mais que assombração e do que história do fim do mundo e sempre tem
algum chato tentando adivinhar o dia que tudo acaba. Que bobajada, né?
Bom, depois da prova do Enem,
inventei de fazer umas compra no Paraguai pro Natal e pra venda também, tu sabe
que eu tô sempre arrumando jeito de fazer dinheiro, aumentar a renda como diz a
minha patroa doutora em Letras. Então foi isto, achei praquelas banda o cd novo
do Thiaguinho por um preço muito do bom, tratei de negociar e comprei de monte.
Só que na hora da revista do ônibus tive que dar uma explicação na delegacia.
Foi uma confusão tão grande, o Cleminson me xingou pra caramba. A sorte é que
tinha um amigo estudante de Direito no busão, colega de trabalho da minha
cunhada, irmã do Cleminho, lembra da Dieniffer Estefany? O guri me quebrou o
maior galho, falô sei lá eu o quê, no fim das conta eu não tive que dormir nem
só um dia na cadeia. Imagina eu lá naquele lugar bem sujo, logp eu que sou tão
limpinha e cheirosinha e de profissão diarista, não ia gostar nem um pouco da
hospedage...
O azar foi que me fizeram devolver
todos cd e a sorte foi que consegui pegar pelo menos unzinho pra mim. Porque aí
sim ia ser muita da desgraça junta! Bom depois da prova do Enem, da confusão no
Paraguai, tive é que arrumar muita faxina de fim de ano para compensar a perda
de grana do cd! Sabe aquelas dona que só pega faxina no fim de ano? A casa tá
pra lá de suja e a gente aproveita pra cobrar bem, dá trabalho mas dá dinheiro!
Assim que fiquei sem te contar nada porque trabalhei foi muito mesmo no mês de
dezembro que tá quase no fim.
Quero te desejar um Natal bem bonito
com a família e amigo tudo reunido, peru recheado, cidra da boa, pagode
animado, que mais a gente pode querer da vida? O resto vem junto: saúde, amor e
alegria. E pra ficá tudo de bom mesmo na tua vida, aí vai o príncipe Thiaguinho
com uma música danada de bonita:
Diário da Faxineira #16: Capítulo 16 - Vida boa: festança do eleito, excursão pra Cidreira e show do Alexandre Pires
Nossa mãe, quanto tempo! Tenho que te
pedir desculpas por não ter te contado nada nas últimas semanas. Pois é, deixa
que eu já vou te contar tudinho. Assim ó, na semana das eleições não consegui
te escrever porque inventei de fazer um extra depois da faxina, distribuir
santinho de um candidato. E não é que o sujeito se elegeu, fez um mundaréu de
voto! Eu não votei nele não, mas como o voto é secreto, não dá nada. Aproveitei
mesmo foi o festão que o candidato eleito pagou pra gente, uma churrascada com
pagode e ceva de graça, uma beleza. Tu já imagina o que eu bebi e dancei até me
acabar! Votar mesmo, eu votei foi nos candidatos que o namorado estudado da
Clarineusa me indicou, confio pra caramba no Dyonath Uóxinton. Mas não era por
isto que eu deixar de ir na festa do candidato eleito, né?
O outro fim de semana foi o do feriado do dia 12, aproveitei pra viajar
com o Cleminho, a gente foi de excursão pra Cidreira, com uma turma de amigo
gente boa. Tava muito do bom! Fez sol direto, até deu pra pegar uma corzinha.
Passei bem a beça estes dias. Tava precisando descansar, tava trabalhando
muito, faltei até aula pra entregar santinho e depois já veio a semana de
prova.
Pois é, esta última semana tava
estudando, já te contei que tô fazendo EJA, né? Tava numa semana daquelas cheia
de prova e trabalho. E, claro, fazendo faxina todo o dia, indo pra aula de
noite, tenho pouco tempo pra estudo, mas tô conseguindo da conta de tudo. E tu
nem sabe o que fiz na sexta? Gastei a minha economia todinha pra fazer loucura,
fui no show do Alexandre Pires, que neguinho bem safado de bom, não me
arrependi um centavo. Lembra que te contei que não fui no show do Wando e até
hoje me arrepnedo, depois vá que morre o Alexandre Pires? Dues me livre, mas
vai saber, melhor não perder oportunidade! Fiz vale pra completar o valor do
ingresso com a patroa Dra em Letras que nunca que me nega um tostão.
O pior tu não sabe, o Cleminho e o
Dyonath Uóxinton não quiseram ir. Juntei o povo e me fui: Clarineusa, Lucimara,
Richardison, Jucilaine, Dieniffer Estefany! O Cleminho achou caro, tu acredita
que ele achou caro? Não gosto de homem pão duro, no início ele não era assim,
mas acho que tá mudando, não gostei nadinha... Vou rezar pro meu Santo Antonio
e tudo deve de melhorar, tenho fé. Agora não quero saber de beiço porque sai
com amigo pra show que ele bem que foi convidado e não quis ir. Sem frescura,
eu não gosto de homem chiclete, grudento e mandão. Ai meu Santo Antonio!
Bem, vou ficando por aqui que o
trabalho hoje tá grande no bancário, pelo visto rolou festa no fim de semana,
tá uma sujeira danada! Mas até que fico bem contente, porque acho este moço tão
sozinho, fico até faceira de pensar que ele se divertiu. Tenho pena, acho que
ele tem é que sair do armário, não posso falar nada, porque é meu patrão. Tenho
um monte de amigo gay e tenho faro pra coisa. Com aquele monte de potinho de
limpeza no armário do banheiro, homem macho é que o bancário não deve de ser,
não! Acho tão triste, gente que vive no armário. Tomara que um dia ele consiga
pular pra fora do armário. Vou colocar o nome dele nas minhas reza pro Santo
Antonio!
Boa semana pra ti!
Diário da Faxineira #15: Capítulo 15 - Josicleide com o produto marca diabo e com o coração emocionado
Bá, tu desculpa a demora em te contar
esta semana, só arrumei tempo hoje mesmo! Olha só: já consegui faxina nova no
lugar do dia que fazia limpeza na patroa Barbie, os tios-avós do patrão bonitão
do porcelanato, um casal de velhinhos muito gente boa.
Sabe, no começo me irritou, porque
tinha dado uma lista de produtos de limpeza pro patrão bonitão do porcelanato
pra passar pros parente e não é que cheguei na casa dos velhos e não tinha nada
na marca que eu pedi. Eu sou uma mulher simples, sem frescura, mas na hora da
limpeza sou muito da exigente, Pinho tem que Pinho, K-boa tem que ser K-boa,
Veja desengordurante tem que ser Veja desengordurante, detergente Limpol tem
que ser Limpol e não marca diabo! Não gosto de trabalhar com qualquer produto,
mas em vez de já sair rodando a baiana e perder outra faxina, resolvi respirar
fundo e tentar fazer a limpeza com aquela porcaria toda mesmo, afinal a vida
não tá pra perder diária! Tem que tratar que engolir uns sapos nesta vida como
bem diz a minha cunhada Dieniffer Estefany. Então, lembrei da frase do sapo,
respirei fundo e tratei de trabalhar, e bem, porque a primeira impressão é a
que fica. Primeiro dia a limpeza tem é que ser de primeira pra impressionar até
patrão virginiano exigente feito a minha patroa Dra. em Letras.
O que me fez mudar de ideia sobre o
casal, foi a hora do almoço, nunca como na mesa com patrão, aprendi com minha
mãe que é sinal de respeito, comer depois dos patrão e, se possível, em outro
lugar. Se eles comem na mesa de jantar, a serviçal tem é que comer na cozinha,
Nunca pensei diferente! Quando me convidaram e insistiram pra comer na mesa de
jantar com eles, disse que não, mas daí insistiram tanto, mas tanto, que acabei
aceitando, E sabe vou te contar que eu me senti a melhor pessoa deste mundo.
Eles conversaram comigo com uma maneira tão boa como nunca tinha visto nesta
vida. Nem me deu coragem de falar de produto marca diabo, voltei pra limpeza e
sabe que até limpei com gosto, porque ainda tava sentindo aquele gosto que
nunca tinha sentido antes deste jeito de ser tão bem tratada.
Nunca tinha comido na mesa de patrão!
Até porque muitos nem vem comer em casa, me entregam a chave da casa e seguem
pro trabalho, pelo menos é assim na casa da Dra. em Letras, do bancário que
parece fruta e do bonitão do porcelanato. Na casa da Loira Azeda e da Barbie eu
sempre comi na cozinha e depois de todos, nunca me convidaram, muito menos
insistiram, pra eu comer com a família delas.
Fora isto, este meu momento de vida de igual, a minha semana foi e mesma
de sempre, com muito trabalho. Graças a meu Bom Deus o Inter melhorou e a
vitória colorada garantiu meu sexo do bom com o meu Cleminho.
E vamô, vamô, Inter, vamõ, vâmo,
Inter!!!!
Diário da Faxineira #14: Capítulo 14 - Josicleide faceira: chutando o balde e cantando um pagode
Sonhei com o Thiaguinho, meu príncipe
do pagode, cantando Buquê de Flores, e não é que eu fiquei louca de faceira com
vontade até de limpar janela, coisa que mais detesto. Sorte minha que hoje é
dia de limpeza na casa da Dra. Letras que gosta de tudo bem arrumadinho, então
minha limpeza caprichada não vai ser em vão, ela vai gostar e até me elogiar,
que eu bem conheço minha patroa.
No fim, eu decidi continuar na
faxina, não vai ser desta vez que vou sair do ramo, não? Aquela ideia da venda
de cachorro quente em parceria com a família da patroa Barbie, lembra que te
contei o outro dia? Pois é, não vai rolar. Peguei os papéís todos pra assinar, eles
achavam que já tava certo, né? Mas levei tudo pro Dyonath Uóxinton, o namorado
estudado da Clarineusa, ele leu tudo, tudinho e olha que era um bocado de
folha, me olhou bem sério depois e me disse: Quer minha opinião sincera? E eu
respondi que claro, né? Daí ele me disse: Não assina, isto é exploração. Pra
mim bastou, acredito na palavra do meu amigo!
Fui no dia seguinte na casa da patroa Barbie e entreguei os papéis em branco. E mais furiosa fiquei ainda, porque ela me perguntou se eu era analfabeta e por isto não tinha assinado. Daí, bom não respondi por mim, sai do salto, desci o barraco, puxei o tapete, chutei o balde, sei lá como é que tu chama, mas dei um basta no assunto, devo de ter dito mais de uma dúzia de desaforos e daqueles bem desgraçados que prefiro não te contar!
Claro, mais uma demissão, mas eu
também não podia ficar quieta, desaforo desta gente grã-fina, não assinei
porque era exploração, isto sim, gente abusada querendo ganhar nas minhas
costas!
Pro Cleminson eu nem contei nadica de
nada, nem dos papéis, nem do desaforo da Barbie, nem da demissão. Tem coisa que
a gente não precisa contar pro namorado, afinal era só chateação, melhor só
falar de coisa boa.
A Clarineusa e o Dyonath Uóxinton me
deram força pra fazer economias e um dia abrir meu negócio de cachorro quente
sozinha, sem sociedade com ninguém. Acho que eles têm razão, por enquanto vou
continuar fazendo meu cachorro em festa infantil, fazendo comercial no boca a
boca do meu trabalho, seguir com minhas faxinas, que rendem bem, não posso me
queixar, dá para viver. E como disse o meu casal amigo: seguir em frente, me
organizar e um dia eu chego lá: viro empresária de sucesso! Gente boa estes
dois, acho que é o mais importante na vida (além de um amor, que tu bem sabe
como valorizo) é ter bons amigos!
E hoje vai ser dia bom, tem pagode na
irmã do Cleminho, a Dieniffer Estefany, ela é muito bacana comigo, mora numa
boa laje, o marido também é sujeito bem animado, o Ueslei Antonio. O sábado
promete ser dos bons!
E pra animar o teu fim de semana, aí
vai o Buquê de Flores pra ti também:
Diário da Faxineira #13: Capítulo 13 – Baita dum cachorro-quente!
Não me pergunta sobre futebol, que
hoje eu já decidi que não quero falar sobre este assunto, prefiro falar do
trabalho mesmo. Então, tá combinado! Te contei que ia fazer um extra no sábado
em festa de criança? Mas tu nem imagina o que foi de falado, noticiado e
comentado o meu cachorro-quente! A trabalheira foi da grande, comecei cedinho
da tarde e fiquei até às oito da noite. Meu trabalho foi tão bom, tão bom, que
me pagaram até pra voltar pra casa de lotação. Me achei foi muito é da chique
andando de lotação. O Cleminho reclamou que eu voltei tarde, que eu trabalho
demais, aquele blá, blá, blá, feito qualquer homem, pelo menos dos que eu
conheço que não sustenta mulher e ainda reclama quando ela trabalha muito. Pode
que tu tenha conhecido um tipo diferente. Até já te disse que se tu conheceu,
trata é de agarrar logo, porque tu é muito da sortuda, minha filha!
Depois de tanta da reclamação do
Cleminho, eu resolvi deixar ele bem do calminho. E tu sabe como? Não foi
fazendo aquilo não! Já ficou imaginando coisa, né? Foi é fazendo um bom dum
cachorro quente mesmo. Tá, não vou te mentir, que não sou disto, depois até que
teve um rala e rola, mas antes teve foi a comilança. Já que o Cleminson tava me
enchendo tanto, tratei de mostrar pra ele o meu MA-RA-VI-LHO-SO
cachorro-quente. Ele gostou tanto, mas tanto, que quase que passa mal de tanto
que comeu a criatura.. Era só o que me faltava o homem morrer por causa do meu
cachorro! O sexo foi difícil com a barriga tão cheia, não é que quase que o
homem morre mesmo? Mas é que eu precisava de uma bimbadinha básica depois de um
dia daqueles de trabalho no sábado, não podia assim liberar o Cleminho, não sei
se tu me entende, se tu também é assim feito eu que pra dormir bem, precisa
daquilo. Mas consegui resolver tudo, dei um sonrisal, um chá e botei o homem
pra dormir, até porque eu já tava bem cansada também. Imagina só o homem morrer
naquelas horas? E por estas e outras que eu nunca me esqueço da reza pro Santo
Antonio. Dei mais uma rezadinha e dormi em paz com o moço que roncou a beça,
pra completar a minha noite!
Mas o que eu quero te contar mesmo é
o que vem agora:
Na segunda-feira fui fazer lá minha
faxina na casa da Barbie, ela que me indicou pra festa do aniversário do
sobrinho no sábado. Então ela me fez uma proposta de vender meus cachorro pra
festa de gente rica. Sabe aquele tal de totozinho? Pois é, o meu cachorro é
muito melhor que o do totozinho, assim disse a patroa. A família lá da Barbie,
os donos da festa do sábado, querem me ajudar a montar o meu negócio de
cachorro quente. Eu fiquei de pensar, mas fiquei bem contente, liguei pra
contar pra Clarineusa, que me deu a maior força, disse pra eu aceitar, sim. Não
vou contar pra mais ninguém, tô sem saber se aceito ou não. Tenho que
conversar, entender bem como vai ser tudo. O namorado da Clarineusa, que é moço
bem estudado, Dyonath Uóxinton, já se ofereceu pra me ajudar na contabilidade.
Quem sabe não saio da faxina e viro
empresária do cachorro, hein? Eu tô podendo!!!!
Diário da Faxineira #12: Capítulo 12 – Feriadão bem bom!
Graças a Deus deu vitória no domingo,
fui pro estádio e deu no que deu: o colorado arrasou! Teve empate na
quarta-feira, mas teve pênalti roubado também, pô! E deixa eu te contar a
maravilha da minha estréia da lingerie vermelha depois da vitória do Inter.
Bah, nem te conto, porque tenho uma amiga, a Wanessa Ketelyn, que diz que a
gente não tem que fazer propaganda dos homens, porque pode ser muito do
perigoso, atiça a concorrência, então tá, melhor eu não falar do meu Cleminho.
Tô aqui na boa que hoje é feriado,
dia de vidão: churrasco, ceva e pagode desde ontem de noite. Vou é aproveitar
para dormir bastante também, que na próxima semana vou ter faxina pra todos os
dias e ainda vou ajudar em festa de criança no sábado de tarde, aniversário da
sobrinha da patroa Barbie, não posso perder, pagam bem pro trabalho fácil:
encher bandeja de salgado e doce; fazer molho, ferver salsicha, montar
cachorrinho, colocar no forno, cuidar o tempo para aquecer bem e servir. Uma
barbada! E meu cachorrinho é minha maior propaganda porque é muito do bom, todo
mundo adora e aí me chamam pra outras festas, tu entendeu como funciona? O
marketing pessoal é a alma do negócio, como diz a Clarineusa, minha amiga
consultora de beleza, vendedora de Jequiti, lembra dela? Pois é, mas agora, tem
o Cleminson na parada e ele não gostou do meu extra, ficou dizendo que trabalho
demais, mas eu sou assim mesmo acostumada a trabalhar, e já disse pra ele que
eu só paro, se ele me sustentar! Bom, daí ele fez como tudo como é homem que já
conheci, fez que não ouviu nadica de nada. Se cruzou no teu caminho, homem
diferente, aproveita, minha filha, porque pra mim só me apareceu homem deste
tipo. Me serve, porque é bom naquelas horas, colorado, parceiro de pagode,
alegre, conversador, boa companhia, ainda não quer me sustentar mas quem sabe
um dia eu consigo, né? Tenho fé, tu bem sabe, como eu rezei e continuo rezando
pro Santo Antonio, agora vou aproveitar para pedir um pouquinho mais, espero
que o Santo não ache muito do abuso, mas homem que sustente deve de ser melhor
ainda. Nem me imagino com vida de dondoca...
Vou parando por aqui que vou fazer
umas pipoquinha doce, que me deu uma vontade louca de doçura, quando tõ na
ativa, sabe sexual, me dá uma fome de doce que não sei nem como te explicar,
não sei se tu é igual... Então um doce barato, com o que temos em estoque no
momento: milho, óleo e açúcar e Nescau. Então tá, fui pra panela, legal
conversar contigo e um bom feriadão pra ti também!
Diário da Faxineira #11: Capítulo 11 – Josicleide com azar no jogo e no amor
Tô num mau humor do cão hoje, aliás a
semana toda, porque cá pra nós que semaninha de merda esta! Meu fim de semana
já foi complicado: depois de trabalhar pra caramba pra completar tive a
primeira briga com o Cleminson. E por palhaçada, pior, por pura palhaçada. Onde
já se viu: o Cleminho me encheu o saco pra assistir Grenal no domingo de chuva!
Não vou pro estádio dia de chuva, me nego, porque não posso me engripar e
faltar serviço, porque se eu não trabalho, não ganho e se eu não ganho, não
vivo. Muito do simples, mas o abobado não quis entender, ficou todo
ofendidinho, e olha que eu expliquei assim ó bem direito: não quero ficar
doente, não quero faltar trabalho, quero ganhar minha diária!
E o pior ele botou a culpa da derrota
do Inter em mim! E eu lá tenho culpa, agora porque eu sou sortuda e sempre que
vou no jogo, o colorado ganha, não posso mais faltar no estádio? Não dá pra
aguentar, né? Não sou jogador, técnico, bandeirinha, juiz, não sou nada, sou
torcedora, só sou uma pobre torcedora!
Consegui, depois de muita da discussão, convencer o
Cleminson a ver o jogo no boteco perto da minha casa, ali é bem bom, a gente
come um xis daqueles cheio da gordura (depois a gente repete todo o dia e
noite), toma umas ceva e não se molha, assiste na boa o grenal! Depois a gente
chega em casa, toma um troço pra aliviar a graxa do xis e deu!
Mas não é que o Inter inventou de
perder? O Clemilson ficou num mau humor daqueles e eu junto, claro! E aí nem
sexo rolou, tu me acredita? E o colorado me perde de novo, no meio da semana, e
pra acabar com a minha vida mesmo! Eu amo o Fernandão, já te disse isto, né?
Mas vai cuidar do time direito, pô! Dá uma mijada daquelas nos piá no
vestuário, sei lá, mas faz estes guri joga de uma vez, tchê!
Minha limpeza hoje tá daquelas bem
fajuta mesmo, tô de muito mau humor, tá dando tudo errado na minha vida, como
namorada, como torcedora, como tudo! Só de raiva vou abrir os armários do
bancário, aquele que parece fruta, e meter ficha em tudo que é salgadinho e
bolachinha fresca que tem neste armário e pra terminar vou atacar um licor
colorido que nunca provei e tem lá jeito de ser dos bom e ai fui, né? Quando tô
braba. sou daquelas que fica com fome, muita da fome. Depois do meu lanchinho,
então, chega de trabalho por hoje! Sexta-feira é dia muito do difícil, tu também
não acha?
Espero que o meu time melhore, senão
nem calcinha e sutiã novo resolve meu caso! Meu conjunto vermelho, então, nem
pensar, porque o Cleminho vai inventar de lembrar do time na hora h e aí já
viu, né? Do jeito que a coisa anda, acho que vou ter que ir no estádio mesmo
neste fim de semana. Pra garantir vitória e sexo, eu bem que mereço como
colorada e como mulher. E vamos lá, Fernandão, faz este time se mexer e meter
gol.
Bom fim de semana, sorte pro colorado
e pra mim também é claro!
Diário da Faxineira #10: Capítulo 10 – Josicleide, a patroa Barbie e o Cleminson Red Bull
Bah quero começar te pedindo desculpa
que semana passada não consegui te contar nada da minha vidinha, pois é, foi
uma semana difícil, de trabalho pesado até no sábado, tu acredita?. Me arrumei
uma faxina pro sábado na casa de uma minhoca fashion, é isso mesmo que tu tá
imaginado: uma magricela, cumprida, cabelo loiro e liso, tipo barbie muito da
metida à besta, mas paga bem pra caramba , então vale aguentar a chatice toda.
A semana foi puxada e o fim de semana
também. Mas ir pro pagode acompanhada é bem melhor e não é que o danado do
Cleminson dança que só vendo! Não pára um segundo, só pra uma bicadinha na ceva
e toca ficha, como eu gosto,. O homem é um Red Bull em ação e na hora da pegada
também, viu?. É uma beleza! Deus o abençoe e conserve! E salve meu Santo
Antonio que não canso de agradecer, todo o diazinho, sem falta. E minha mãe
também reza que é pro santo ter certeza da nossa gratidão!
Hoje tem um solão que nem parece
agosto, mês do desgosto, pra mim tá é sendo mês bom, bastante trabalho, sexo de
verdade, na boa eu já tava cansada de ficar só nos brinquedinhos, até porque
brincar junto é bem melhor! Tô na casa da patroa nova, fresca que só ela, casa
chique, cheia de prataria, cristal, vaso de porcelana, tudo de não sei donde!
Deus me livre, tenho cuidado com tudo quanto é canto, tem um monte de mulher
negra, índia, grávida pelo chão, imagina se quebro um troço deste, nem a vida
toda trabalhando de graça, eu consigo pagar, deve de ser tudo uma fortuna.
Limpo tudinho, tudinho, que a mulher é exigente, mas faço tudo com um cuidado
danado, mas vale a grana que vem depois de tanto medo que passo por aqui.
Depois preciso é de um descanso, vou
é me atirar no sofá, olhar a novela e comer qualquer coisa que tiver a mão,
atirada ali mesmo no sofá. Nem vou ver o Cleminson, não, vou deixar pra amanhã,
depois de estar bem descansada, porque o homem é fogoso e tenho que estar bem
relaxada. Amanhã durmo até tarde, nem vou limpar minha casa, tenho que é que
ficar bem descansadinha pra função da noite que não é pouca!
Tô faceira, vou de novo pro Paraguai
trazer mais mercadoria, vendi tri bem. E tô precisando renovar minhas lingerie,
agora em uso, sabe como é, né?
Até e um bom findi pra nós!
Diário da Faxineira #9: Capítulo 9 - Josicleide em paz com o Santo Antonio e com raiva do Adamastor
Tava quase desacreditando do Santo
Antonio quando o Cleminson entrou na minha vida. E, vou te poupar dos detalhes,
mas agora entrou mesmo e pra valer. Entendeu, né? Bá, pra mim transa boa é
feito nascer de novo e no meu caso, que tava no maior atraso, e tu bem sabe,
foi quase uma ressurreição, se Deus me perdoa a comparação! Tinha amiga minha
até se queixando que eu andava muito da chata com esta história de só falar na
falta de sexo. E que quando se tem, nem se repara a falta que faz. Fica sem,
pra tu ver como é? Não é fácil, não! Mas prometo que agora não vou ficar só te
enchendo com este assunto, porque saí da secura! E nunca mais vou abandonar a
reza pro Santo Antonio, porque minha mãe me disse que tenho que agradecer todo
o dia pro Santo, senão ele me tira o homem. Deus me livre, meu celular até bip
botei, pra trata de não esquecer da hora da reza!
Hoje tá brabo de faxinar este
apartamentinho! Tô na Doutora em Letras, que agora inventou de comprar um
tapete novo podre de chique, deste bem caro mesmo, branco sujo, sabe? O
tapete é persa e o tom se chama nude, Josicleide! – assim ela me
disse, cheia de frescura. Acho que ela se ofendeu, só porque falei que achei
bem bonito o tapete chique branco sujo. Sei lá, pra mim continua sendo branco
sujo e a merda mesmo é o pelo do gato grudado no diabo do tapete. Não tinha de
contado do gato? É muito do bonito, tem olho claro bem azul, é grande, tem pelo
malhado branco com cinza, bem grande e gordo, chama Adamastor. Vê se isto é lá
nome de gato? Deve de ser nome tirado duma destas história, coisa de Doutora em
Letras! Pois é, o Adamastor nem me incomoda pra fazer a limpeza, fica bem
quieto, por aí, porque nunca sei onde anda o bicho, só tenho que cuidar as
janelas, Deus me livre se o bicho foge, perco meu melhor emprego, porque a
patroa é boa pra mim, não posso me queixar.
Mas, te juro, que hoje se eu ainda
tivesse no atraso, eu matava este gato! Porque tu sabe lá o que é limpar tapete
sem aspirador, porque aqui não tem aspirador e a Doutora já me avisou que não
vai comprar, que é frescura, eu que limpe com pano úmido. Tu, nem imagina tô
perdendo toda a minha força aqui neste tapete, assim não dá, ainda bem que só tenho
Cleminson amanhã, porque tenho que fica bem pra aquilo que mais gosto na vida.
Claro que gosto de outras coisas também, mais bem menos que daquilo! Gosto de:
chocolate, ceva, pagode, família, amigo, festa, máquina de lavar, produto de
limpeza dos bom feito o Veja desengordurante, ... A lista podia de seguir, que
eu bem gosto de mais um bocado de coisa, mas vou parando por aqui, que quero
terminar logo este tapete, pra descansar. Amanhã tenho que ficar numa boa! E
ademais tô com uma fome danada, vou fazer uma parada pra lanche, até porque
agora que voltei à ativa tenho é que me fortalecer!
Tudo de bom pra ti, até a próxima!
Diário da Faxineira #8: Capítulo 8 - A soneca na casa do bancário e a lingerie vermelha
Tu deve tá numa curiosidade só pra
saber como foi minha sexta. Vai dizer que tu não lembra que eu tinha um
encontro? Pois é, vou te contar: foi tudo de bom, faltou um pouquinho só pra
ser perfeito. E tu até já imagina o que faltou! Pois é, prometi e cumpri, não
dei no primeiro encontro! E não tô mentindo, mas vou te dar a real, que foi
difícil, porque tô na seca, tu bem sabe, mas vai ver que assim dá certo. Rezo
pro Santo Antonio todo dia, agora então, não posso falhar um diazinho, porque
tem alguém na mira.
Deixa eu te contar melhor como foi na
sexta: o moço me buscou em casa, tem um carrinho bom, me levou numa pizzaria da
boa de rodízio e na hora de pagar, eu nem me cocei, esse negócio de dividir
conta com homem logo de cara no primeiro dia não dá, depois acostuma mal. O
papo foi bom, o Clemilson é bom de assunto, conversador que só ele, animado,
alegre, gosto de homem que me faz rir, agora só falta saber se vou gostar
daquilo. No segundo encontro, que vai ser amanhã, já posso sair do atraso. Oba!
Pô, já me segurei no primeiro dia, acho que já tá bom. Tu também não acha? Já
separei até lingerie nova vermelha da minha compra do Paraguai.
Voltando pro assunto da minha
limpeza. Tá brabo de limpar casa hoje, tô na casa do bancário, aquele que tem
um monte de frescura de creme no banheiro, até comprou um monte de produto do
Paraguai, de euzinha aqui. O patrão é bom, daqueles que não repara muito na limpeza,
ainda bem, porque não tô muito pro trabalho, não. Queria mais é esticar o meu
cochilo. Quer saber: já dei um cochiladinha depois do almoço, cama grande,
peguei coberta e tudo, uma beleza de sono, deu até pra sonhar. Não vou te
contar o sonho, não, porque é daqueles que tem ser censurado...
Bom, agora tô fazendo aquela meia
sola sabe, a limpeza só onde passa o trem mesmo. Deus é pai, ainda bem que hoje
não tô na Doutora em Letras que é pra lá de exigente com todos os cantinhos.
Signo de virgem é uma praga, dá vontade até de perguntar na entrevista de
trabalho, se é de virgem não aceitar a faxina, mas a vida não tá pra escolher
patrão, não! Até porque a Doutora em Letras é de virgem, mas é também bacana
pra caramba comigo, já te contei, né? Pior é quando ela pede pra limpar os
livros, tirar um por um daquela estante gigante e vou te dizer que tem livro
que não acaba mais naquele apartamentinho.
Vou terminando meu assunto por aqui,
um bom fim de semana pra ti. O meu deve de ser muito do bom, se Deus quiser!
Diário da Faxineira #7: Capítulo 7 - Josicleide colorada sortuda!
Fui no jogo, pulei, berrei, cantei, me arrepiei com o Fernandão e ainda
puxei assunto com o moço do meu lado, que me deu corda, viu? Hoje passa lá em
casa pra gente sair, ainda não sei bem pra onde. Mas prometi pra mim mesma e
pra minha mãe que não vou dar na primeira saída. O pior é que eu sempre
prometo, mas não consigo cumprir! Minha mãe reza também pro Santo Antonio e tem
lá mais amizade com o santo que eu, porque tá sempre na igreja. Meu pai já
perdeu a esperança, disse que meu destino é ficar pra titia, mas fala pra me
sacanear, no fundo acho que ele também deve de rezar pro Santo Antonio. Sabe,
até é bem boa vida de titia, mas eu quero um companheiro pra vida, pra dividi o
dia, dormi agarradinho, não é só pra aquilo, não! Pra aquilo também, e muito,
que tu sabe que tô no atraso faz tempo, que tô só no brinquedinho com controle
remoto, que pago parcelado todo o mês, certinho, no cartão da Clarineusa. Vida
difícil!
O tal moço não é negão, até é bem
branquinho, meio gordinho. Mas eu também já não sirvo pra magra faz tempo, tô
tipo pizza boa de bacon com borda de catupriry, tipo gostosa com gordurinha!
Como homem gosta, porque homem não gosta de osso, isto é coisa pra manequim e
modelo, não pra vida real! Homem gosta de mulher que tem onde pegar.
Bom, mas falando mais do moço, ele é
alto, bem alto e eu gosto da altura! Tem um riso bonito, fala muito e rápido,
às vezes até meio que atropela as palavras e eu faço que entendo, porque acho
que fica chato dizer que eu não entendi. Parece ter pressa na vida, eu gostei
do jeito dele. .Não sei aonde a gente vai, tomara que seja lugar bom! Minha mãe
me deu um vestido bonito de presente, disse pra eu usar que vai dar sorte de
noite. Não é lá muito curto, é até que bem decente, coisa de mãe, mas deve de
dar sorte porque presente de mãe sempre dá! E se eu der, minto pra mãe que não
dei, que é pra ela não ficar chateada comigo. Porque ela acha que hoje a mulher
tá muito fácil e é isto que assusta o homem.
Então tá, vou ficando por aqui,
esfregando o chão da cozinha, cantando um pagode, só na espera de que chegue
logo a noite.
Boa sexta pra ti também!
Diário da Faxineira #6: Capítulo 6 - Josicleide e o cutuco da esperança no dia do amigo
Tô bem mais calma agora! Consegui
fazer a lista de produto importado e viajo na próxima semana. A patroa Doutora
em Letras me descolou o vale, até mais do que eu esperava, acho que até mais do
que eu merecia, deu o maior apoio pra viagem de negócio pro Paraguai. Tu não
imagina, me deu grana a mais da conta pra trazer bastante mercadoria. Disse que
me empresta com gosto, porque sabe que sou trabalhadora e ter um plano B é
importante. Ela me contou que até ela que é doutora, tem uns plano B, de vez em
quando, tradução, revisão, sei lá mais o quê, qualquer destas coisas aí
complicada que precisa de gente muito estudado em letras. Fiz cara de quem entendeu,
é claro, mas não entendi nadica de nada, só entendi mesmo é que a Dona ficou
pra lá de empolgada com a minha ideia. Me disse até que tem menina da
faculdade, lá onde ela dá aula, que chama bolsista que também pode se
interessar em vender produto importado. Só não entendi, bolsista, será lá o
nome da sacoleira universitária? Deve de ser, né? Quando a pessoa é estudada,
eu bem sei que muda o nome da profissão. A minha amiga Clarineusa que a bem da
verdade é vendedora, a Jequiti manda se apresentar como consultora de beleza.
Bom e tem lá razão, porque é bonito a beça mesmo o nome: consultora de beleza!
Bom e eu continuo rezando todo o dia,
sem falta, pro meu Santo Antonio e tô com muita fé de conhecer um gostoso na
viagem. Tô com aquele cutuco sabe, aquele que vem de dentro quando a gente
sente que vai acontecer coisa de boa na vida. Tu nunca teve o tal cutuco? Mas é
tão bom, tão bom ter o cutuco que a vida até fica mais leve. Hoje tô aqui na
limpeza pesada cantando e rebolando! Porque eu sei que dia bom vem chegando...
Tem sol graças ao São Pedro, assim
minha limpeza rende e faço tudo mais depressa. Vou dar um pulinho na padaria da
esquina, na saída, tem amiga fazendo limpeza aqui pertinho também. A gente se
encontra prum cafezinho com bolo, que hoje é dia do amigo e tem que comemorar.
Mais tarde tem pagode, mais a gente gosta de comemorar só guria primeiro,
porque de noite a gente já não consegue conversar tanto com música alta.
Amigo é tudo de bom, num é mesmo? Eu
não vivo sem amigo, tenho uns de infância, de adolescência, de adulta e espero
velhinha ainda encontrar mais amigo nesta vida.
Termino por aqui cantando e
rebolando A amizade é tudo, tu conhece? È do Jeito Moleque! Se que
quiser ouvir o pagode, tá aí o vídeo com a participação do negão tudo de bom
Thiaguinho:
Já ia me esquecendo: um feliz dia do
amigo pra ti!
Diário da Faxineira #5: Capítulo 5 - Profissional da limpeza agora também no ramo de importados
São Pedro ouviu minhas preces, hoje
tem sol. Já o Santo Antonio, ainda não, eu continuo no atraso! Mas a
sexta-feira vai ser boa: sol de dia e pagode de noite. Vou juntar um monte de
amigo na minha laje, sem risco de quebra de louça chique, feito na casa da
Jucilaine.
Tô apertada de dinheiro, sempre que
isto acontece, e é bem seguido, sabe, peço um vale pra Doutora em Letras. Ela é
quieta, não é de muito assunto, sempre no pretinho básico. Tu não imagina como
é abrir o roupeiro dela, a gente leva o maior susto, parece velório: calça,
camisa, camiseta, blusa, saia, vestido, casaco, é tudo preto. Pelo menos tem
muito colar e lenço colorido. A dona é calada, na dela mesmo, mas quando
preciso vale, sei que ela me dá, tem bom coração. Segunda, eu vou lá e peço um
vale. Certo que ela me dá.
Hoje tô no bonitão do porcelanato,
pra patrão novo eu não peço vale, não pega bem. Até porque nem ia dar tempo,
que o moço saiu loguinho que eu cheguei, e pra pedir dinheiro tem que ter um
tempinho, tu também não acha? Não sei se tu tá acostumado a isto de pedir vale.
Eu, pelo menos, não consigo pedir assim de sola, tenho que dar uma
enrolada. Com a Doutora em Letras nem precisa de enrolar muito, eu começo o
assunto e ela já vai abrindo a carteira com uma risadinha, coração bom mesmo
tem a dona!
Pois é, tô cansada desta vida de
aperto, preciso fazer um extra! A Clarineusa me disse pra vender Jequiti, mas
eu não levo muito jeito pra venda, não! Daí a gente teve outra ideia, eu faço
economia e compro produto no Paraguai e passo pra Clarineusa vender, só que ela
vai querer uma parte também, né? Ainda mais agora, que tá pegando um cara
técnico em Contabilidade, o bonito calcula tudo pra ela. E tu deve de calcular
é o tamanho da minha inveja, a Clarineusa pegando gostoso estudado e tudo, e
eu, aqui, na mesma pindaíba de sempre, que nem gripe eu pego!
Falando mais sobre a minha viagem de
compras pro Paraguai, é bom também pra conhecer gente. Numa dessas, tenho fé
que Santo Antonio ainda vai lembrar de mim. Quem sabe pinta um negão do ramo de
vendas de produtos importados pra euzinha, Josicleide, que bem que mereço,
trabalhadora e decente, conhecida profissional da limpeza agora investindo
também no ramo de importados!
Pensando melhor, acho até que algumas
vendas eu me animo a fazer direto: compro um monte de lenços pra Doutora em
Letras, creme pro estoque do lavabo do bancário solteirão, como conheço bem
patrão, já levo mercadoria separada pra ele. O do porcelanato, este ainda não
sei muito, discreto por demais, acho que deve de gostar de bebida, porque tem
bastante lá naquele bar e de cozinhar porque tem um bocado de temperinho na
cozinha, acho que não é só de enfeite, porque têm vidrinho pela metade e outro
no finalzinho.
Nem tô com muita pressa, hoje, sabe,
tô devagar e no capricho, patrão novo sabe como é, né? Tem que agradar! Tô
tirando tudo do lugar pra passar o pano no chão, apartamento bonito que só
vendo, tudo bem branco, bem brilhante, dá gosto de limpar.
De noite, vou começar a fazer a lista
de produto pra minha viagem pro Paraguai Tô bem faceira, porque com amigo,
pagode, cerveja e churrasco, a lista só pode ficar das bem boa mesmo!
E tu, aí, não quer aproveitar pra fazer
alguma encomenda?
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